A falsa ilusão de cultivar esperanças no exterior

Guilherme Góes
2 min readAug 23, 2020

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Foto: Elizabeth Henchoz — Unsplash

Frequentemente, vejo blogs, podcasts e Influencers que querem vender uma imagem de que a vida no exterior é perfeita, que não há soluções para o futuro do Brasil e que a única alternativa existente para uma pessoa que se encontra em uma situação desfavorável melhorar de status é migrando para uma nação desenvolvida — mesmo que de forma ilegal.

Sendo assim, acho que a primeira coisa que alguém que quer vencer na vida (ou pelo menos começar a melhorar a sua situação atual) precisa fazer é: parar de acompanhar tais pessoas e sair desse tipo de espaço de forma definitiva.

Sem dúvidas, o Brasil é um país repleto de defeitos. Porém, ao ouvir argumentos vitimistas de que “no Brasil, não é possível vencer”, “sair do Brasil é a única solução” e coisas do tipo, um indivíduo imaturo, com a “cabeça fraca” e pouco conhecimento sobre a realidade dos demais países poderá querer parar de procurar soluções em sua terra natal e irá ficar fantasiando uma possível vida onde irá viver de forma ilegal nos Estados Unidos ou em alguma outra nação rica.

Porém, diferentemente do que esses influencers e bloggers afirmam, isso provavelmente jamais irá acontecer, já que para tirar um visto de turista para os EUA, Austrália, Canadá ou Japão, é necessário ter vínculos com o Brasil, patrimônio, dinheiro e carimbos internacionais no passaporte (ou seja: é necessário criar um “perfil de turista”).

No entanto, poucos se atentam a tais detalhes e seguem sonhando. Só que o tempo vai passar, a pessoa não irá construir nada em seu próprio país, não irá se profissionalizar, não irá cursar ensino superior, fazer cursos de especialização, estudar para concursos, aprender a investir o seu dinheiro de forma inteligente ou abrir um negócio. Irá viver dia após dia cultivando esperanças que não existem, sempre idealizando uma vida fantasiosa nos Estados Unidos, onde irá “viver como um rei” trabalhando em um subemprego de entregador de pizzas ganhando em dólares americanos.

Ao perceber, o indivíduo já está com 30 anos, consumindo os recursos dos pais, sem estudo e sem absolutamente nada na vida. Caso acorde para realidade, com essa faixa etária, o máximo que irá conseguir será um subemprego de remuneração mínima. Porém, sem dinheiro e com idade elevada, dificilmente haverá possibilidades de retorno.

Falo isso por experiência própria, pois também romantizei a ideia de uma vida ilegal no exterior entre meus 19–22 anos. Infelizmente, a vida não é tão simples assim.

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Guilherme Góes
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Written by Guilherme Góes

Escrevo sobre o que tenho vontade, sem compromisso em tentar emular algum tipo de intelectualidade ou agradar terceiros.

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