A-ha celebra 35 anos de Hunting High and Low, obra admirada por gerações

Guilherme Góes
6 min readAug 2, 2022

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Lançado em 1985 pela renomada gravadora Warner Bros, o álbum Hunting High and Low, do trio norueguês A-ha foi um enorme sucesso comercial, e, ao longo de três décadas, vendeu mais de 10 milhões de cópias em todo o mundo. Ainda naquele ano, o disco alcançou o topo dos rankings best-selling records em diversos países da Europa (com destaque para o Reino Unido e Noruega), conquistou a 15ª posição na parada Billboard dos EUA, e rendeu à banda uma indicação ao Grammy, além de oito prêmios na premiação MTV Video Music Awards (VMA) de 1986.

O trabalho de estreia do grupo é composto por diversos hits, entre eles: ‘The Sun Always Shine on TV’, ‘The Blue Sky’ e o clássico ‘Take On Me’ — uma das maiores referências da música oitentista. Devido ao videoclipe inovador (para os padrões tecnológicos da época), que apresentava uma história romântica ‘cartoonizada’ em conjunto com cenas live-actions, o single se tornou um marco da cultura pop, de importância similar às principais obras de Michael Jackson, Cyndi Lauper, Madonna e Queen. Até os dias de hoje, o trabalho idealizado pelos noruegueses junto ao produtor britânico Steve Barron mantém sua relevância no mundo do entretenimento, sendo um dos poucos clipes com mais de 1 bilhão de visualizações na plataforma Youtube.

Após atrasos ocasionados pela pandemia de COVID-19 (originalmente, a apresentação estava programada para o ano de 2020, e uma segunda data foi agendada em março de 2022, mas o evento se tornou inviável graças a explosão de casos de contaminação pela variante Ômicron naquele mês), o show especial em comemoração aos 35 anos do lançamento de Hunting High and Low ocorreu apenas na última segunda-feira (18), no Espaço Unimed.

O clima frio e o cenário cinza e monótono da capital paulista não foram obstáculos aos fãs, que formaram uma fila quilométrica que se estendeu por toda a Rua Tagipurú a partir das 16h (com mais de 3h de antecedência ao horário de abertura). Além da cerimônia em relação ao aniversário do disco, outro motivo nada animador causou alvoroço entre os aficionados pelo grupo escandinavo: provavelmente, essa será a última turnê da banda a passar pela América do Sul, pois boatos indicam que, após o lançamento do álbum True North (com previsão de lançamento para o mês de outubro), Morten Harket, Magne Furuholmen e Paul Waaktaar-Savoy pretendem se aposentar definitivamente da carreira musical.

Pontualmente, a casa abriu ao público geral às 19h30, e uma multidão composta por mais de sete mil pessoas — que variava desde adolescentes que acompanhavam os pais a grupos de idosos — dividiu-se entre os setores da casa (pista comum, premium, mezanino e camarote). Durante 2 horas, uma discotecagem extremamente estratégica animou o público, com hits dos principais representantes do pop 80s, como: ‘Don’t you’ (Simple Minds), ‘A Forest’ (The Cure), ‘Everybody Wants To Rule The World’ (Tears for fears) e ‘Your Love’ (The Outfield). A tracklist era tão precisa que causava a impressão de que os responsáveis pela casa contrataram um DJ profissional apenas para o evento. Certamente, um dos pontos altos da organização.

Após breves anúncios da Unimed (operadora de seguros responsável pelo espaço) e comunicados de segurança, Morten Harket, Magne Furuholmen, Paul Waaktaar-Savoy e os músicos de apoio Morten Qvenild, Karl-Oluf Wennerberg e Lars Horntveth subiram ao palco pontualmente às 21h30. Com uma breve saudação, a banda iniciou o show com ‘Sycamore Leaves’ — single com pegada country do álbum East of the Sun, West of the Moon (1990).

Em seguida, a apresentação seguiu com ‘The Swing of Things’ e o hit ‘Crying in the rain’, que foi responsável por levar o público à loucura pela primeira vez na noite. Ao término dos aplausos, Magne Furuholmen falou um pouco sobre as dificuldades que os integrantes passaram ao lidar com o tédio durante a pandemia sob a escuridão da Noruega, além de comentar a respeito do novo disco True North e um filme que irá acompanhar o material, cuja filmagens aconteceram na cidade ártica de Bodø. Após a conversa, o tecladista destacou a inédita ‘Forest For The Trees’.

Com o encerramento das faixas, Magne disse “chegou o momento de voltar ao ano de 1985”, e o grupo começou a tocar o álbum Hunting High and Low na íntegra. Certamente, a execução dos singles ‘The Sun Always Shine on TV’, ‘The Blue Sky’ e a faixa que leva o nome do disco, foram os principais momentos desta etapa do set, mas a plateia também cantou a pleno pulmões os b-sides Love is reason’, ‘Living a Boy’s Adventure Tale’ e ‘Here I Stand and Face the Rain’. Além disso, a impecável iluminação e efeitos especiais em canos de LED formavam um espetáculo à parte.

Durante o show, o vocalista Morten Harket não interagiu muito com os presentes, e limitou seu diálogo a agradecimentos curtos. No entanto, o tecladista Magne conversou bastante com a multidão animada, arriscou algumas palavras em português e até brincou com o público, mencionando algo como “se você ainda se lembra dos anos 80s, em breve estará velho e não vai recordar mais”.

Ao término do disco, a banda seguiu com os b-sides ‘We’re Looking for the Whales’ e ‘I’ve Been Losing You’, além dos hits ‘Cry Wolf’ e ‘The Living Daylights’ — este último, responsável por encerrar a primeira parte da apresentação.

Logo após a uma pequena pausa, o trio e os músicos acompanhantes retornaram ao palco e levaram os presentes na pista a completa desordem com as inconfundíveis notas iniciais do poderoso hit ‘Take on me’, cuja letra foi acompanhada por gritos eufóricos da multidão.

‘Hunting High and Low’ continua sendo tão marcante quanto foi em seu lançamento. Um disco de valor imensurável, com composições bonitas e melodias inesquecíveis. ‘Take on me’ pertence ao ‘hall das artes eternas’, cuja obra ainda será admirada por gerações.

Confira fotos cedidas pela assessoria Midiorama:

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Guilherme Góes

Estudante de jornalismo. Escrevo sobre o que tenho vontade, sem compromisso em tentar emular algum tipo de intelectualidade ou agradar terceiros.