Música não é tudo

Guilherme Góes
2 min readSep 7, 2019

--

Foto — Jefferson Marques

Música é algo sensacional. Sem dúvidas, é uma das maiores paixões que tenho na vida. Porém, não acho que seja positivo deixar a música e tudo que está em torno dela consumir absolutamente cada aspecto da personalidade de uma pessoa. Isso não é nem um pouco inteligente, e caso essa seja a sua realidade, talvez deveria cogitar certas mudanças. Você irá perceber isso na medida em que for ficando mais velho.

Falo por experiência própria.

Quando eu estava na “casa dos 16–19 anos”, não tinha muitos interesses além da música e a colocava como finalidade em minha vida. Mesmo embora gostasse de ler e pesquisar sobre diferentes assuntos, deixei de aprofundar-me em diversos tópicos importantes devido a minha obsessão. De certa forma, acho que isso prejudicou minha visão de mundo e correr atrás do prejuízo foi algo bastante penoso.

Caso alguém me perguntasse quando tinha 18 anos coisas como: “o que você gostaria de fazer da vida?”, “quais lugares você gostaria de conhecer?”, “em qual carreira você deseja se especializar?” e “qual marca você gostaria de deixar no mundo?”, confesso que não teria respostas para essas questões. Eu não pensava sobre qual profissão seguir e sobre quais eram meus verdadeiros objetivos. Eu não tinha nenhum plano de vida além de ir ao próximo show da minha banda favorita, colecionar flyers e cartazes de eventos e conhecer novos grupos.

Eu deixei passar a oportunidade de estudar no interior do estado porque queria participar da cena musical na capital de São Paulo, pois a agenda de eventos na cidade era -e continua sendo- incomparável com qualquer outro lugar do Brasil. Deixei passar a oportunidade de um intercâmbio no exterior. Embora ter participado da cena de shows trouxe momentos inesquecíveis, grandes amizades e algumas oportunidades interessantes, reconheço que talvez eu estivesse em uma posição melhor em termos profissionais e financeiros caso tivesse deixado o meu fanatismo por música em uma posição menos privilegiada em minha vida pessoal.

Caso pudesse aconselhar algum jovem aficionado que pretende moldar toda sua vida em torno de seu hobbie favorito, seja música ou qualquer outra coisa, apenas diria: não faça, pois um dia irá notar que isso não é nada legal.

Ocupações recreativas são importantes e reconheço que é preciso ser especialista em pelo menos uma determinada área, mas também é necessário ter ao menos um pouco de conhecimento acerca de variados assuntos e questões. Jamais deixe o seu lado pessoal, a sua carreira e seus relacionamentos girarem em torno de algo especifico. Nessa vida, é necessário ter controle sobre tudo.

--

--

Guilherme Góes
Guilherme Góes

Written by Guilherme Góes

Escrevo sobre o que tenho vontade, sem compromisso em tentar emular algum tipo de intelectualidade ou agradar terceiros.

No responses yet