Resenha e fotos: Black Flag em São Paulo (08/03/2020)

Guilherme Góes
4 min readMar 13, 2020

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Fotos por Eduardo da Costa.

Depois de shows na Colômbia, Chile e Argentina, a lendária banda estadunidense, Black Flag, realizou sua primeira apresentação em solo brasileiro no domingo (08/03), no tradicional Carioca Club. A formação contou com um line up composto pelo skatista profissional, Mike Vallely (vocal), Joseph Noval (baixo), Isaias Gil (bateria) e Greg Ginn (guitarra) — sendo este último o único integrante da formação original.

O Black Flag surgiu em 1976, na cidade de Hermosa Beach, Califórnia, e é considerado um dos pioneiros no estilo hardcore/punk, ao lado de nomes como: Minor Threat, Dead Kennedys, Circle Jerks e The Adolescents.

Ao longo de sua história, figuras icônicas como, Keith Morris, Henry Rollins e Dez Cadena deixaram sua marca na banda. Além disso, os álbuns Damaged (1981) e My War (1984), são considerados verdadeiras obras primas do segmento, e segue influenciando diversas gerações de grupos e artista por mais de 3 décadas.

Pontualmente, o espaço foi liberado ao público geral por volta das 18h. Sem apresentação de abertura, o entretenimento ficou por conta do renomado Thiago DJ, profissional da rádio Rock 89FM e figura carimbada da cena de shows de São Paulo. Ele foi o responsável em manter o público animado ao som de uma discotecagem extremamente descontraída, que variou entre Rancid, Goldfinger, e, até mesmo, Frank Sinatra!

Com alguns minutos de atraso em relação ao horário agendado, o Black Flag apareceu às 20h35. A banda iniciou o set com a emblemática música Depression, que teve sua execução prejudicada por devido a uma confusão entre o vocalista Mike e uma fã, que adentrou em seu espaço na tentativa de realizar um stage dive. Em seguida, o grupo continuou a primeira parte da apresentação com importantes canções de sua carreira, entre elas: No values, Black Coffee e I’ve Had It.

Ao longo do concerto, a interação dos integrantes da banda com o público foi praticamente nula. Salvo em determinado momento, em que Mike atendeu ao pedido de alguém na pista para autografar o seu shape de skate, não houve qualquer diálogo por parte dos integrantes com a plateia. No entanto, a falta de comunicação foi compensada com uma performance raivosa e visceral do frontman, que realmente se assemelhou às clássicas apresentações do icônico Henry Rollins.

Além disso, em músicas como Six Pack, Gimmie Gimmie Gimmie e I Can See You, o líder, Greg Ginn, demonstrou extrema técnica com seu instrumento em execuções intensas e praticamente delirantes. Para a surpresa dos seguidores mais fiéis, o quarteto também incluiu algumas músicas b sides raras, entre elas: Bastards in love, Loose Nut e Clocked in.

Ao término do show, as escolhidas foram as clássicas canções, Nervous Breakdown , Rise Above , TV Party e um inusitado cover da canção Louie Louie, que contou com solos de guitarra, contrabaixo e bateria em uma extensão alucinante que durou, aproximadamente, 10 minutos! Após o encerramento, o set também acabou repentinamente, sem sequer uma despedida ou agradecimento por parte dos integrantes.

A performance gerou opiniões mistas. Muitos dos presentes reclamaram das longas extensões instrumentais que foram acrescentadas em canções originalmente curtas, agressivas e extremamente rápidas. Além disso, apesar de seu esforço e excelente presença de palco, o vocalista, Mike Vallely, decepcionou uma parte considerável do público devido a sua falta de interação e atitudes desnecessária em relação aos fãs que subiram ao palco (afinal, os mergulhos fazem parte da cultura punk rock, certo?).

Apesar dos pequenos impasses, foi uma grande honra para a plateia paulista conferir o renomado Black Flag, mesmo longe de sua melhor fase.

Confira a galeria de fotos:

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