Severnaia Zemlia: A última fronteira do planeta terra
Severnaia Zemlia (em russo: terras do norte) é reconhecida como o último grande arquipélago do planeta a ser oficialmente descoberto e cartografado. Localizado nas águas geladas do Oceano Ártico, entre o Mar de Kara e o Mar de Laptev, este conjunto de ilhas, pertencente à Rússia e integrado ao Krai de Krasnoyarsk, representa não só um marco na história da exploração polar, mas também um símbolo dos desafios enfrentados pelos navegadores em ambientes extremos.
A descoberta de Severnaia Zemlia ocorreu em 1913 durante a Expedição Hidrográfica ao Oceano Ártico, liderada pelo renomado explorador russo Boris Vilkitsky. Durante essa expedição, a tripulação dos quebra-gelos Taimyr e Vaigach fincou a bandeira da Rússia em 22 de agosto de 1913 (3 de setembro, segundo o calendário gregoriano), acreditando ter encontrado uma única massa de terra. Posteriormente, estudos e expedições — especialmente na década de 1930, com as iniciativas de Georgy Ushakov e Nikolai Urvantsev — comprovaram que se tratava de um arquipélago formado por várias ilhas. Essa descoberta foi um dos últimos grandes achados geográficos da era moderna e abriu caminho para um conhecimento mais detalhado da região do Ártico.
Geografia e características
Localizado a cerca de 55 km da península de Taimyr, Severnaia Zemlia estende-se por aproximadamente 37.000 km². O arquipélago é composto por diversas ilhas de relevos variados, sendo as principais:
- Ilha da Revolução de Outubro: A maior das ilhas, abriga montanhas e geleiras que se estendem até o mar, com altitudes que alcançam quase 1.000 metros.
- Ilha Bolchevique: Conhecida por seu terreno montanhoso e pela presença de bases árticas, a ilha possui cerca de 11.312 km² de área e altitudes que chegam a 935 metros.
- Ilha Komsomolets: A ilha mais setentrional, apresenta extensas calotas de gelo, parte fundamental do regime climático que caracteriza toda a região.
O clima em Severnaia Zemlia é tipicamente polar, com invernos rigorosos e verões muito curtos e frios. Essas condições extremas, aliadas à densa cobertura de gelo durante a maior parte do ano, reforçam os desafios para a navegação e a exploração científica nesta área.
Impacto na geográfia e exploração polar
A descoberta do arquipélago marcou o encerramento de uma era de grandes explorações geográficas. Por muito tempo, o Ártico foi considerado um território praticamente inexplorado, mas a expedição de Vilkitsky demonstrou que, mesmo nas regiões mais remotas, há segredos a serem revelados. A cartografia detalhada do local, realizada décadas depois, permitiu não só o avanço do conhecimento geográfico, mas também o desenvolvimento de estratégias para a navegação em ambientes polares. Esse conhecimento se mostrou fundamental para a exploração dos recursos naturais da região e para o estabelecimento de bases científicas e militares, que hoje continuam a desempenhar um papel estratégico para a Rússia. Assim sendo, sua descoberta, ocorrida em meio a desafios extremos, exemplifica a perseverança dos exploradores e continua a inspirar estudos sobre a dinâmica dos ambientes polares e a importância estratégica dessa região para a geopolítica mundial.
BARR, William. Severnaya Zemlya: The Last Major Discovery. Disponível em:
https://www.jstor.org/stable/1796946?origin=crossref
EXPLORING the remote Russian archipelago of Severnaya Zemlya. Disponível em: https://www.quarkexpeditions.com/blog/exploring-the-remote-russian-archipelago-of-severnaya-zemlya
DISCOVERING Siberia’s Severnaya Zemlya Islands, the Last Charted Territory on Earth. Disponível em: https://www.cntraveler.com/story/siberias-severnaya-zemlya-islands-are-the-last-charted-territory-on-earth
